A invenção de Morel
People,
Essa resenha saiu grande porque esse livro é demais.
Alguns dizem que é possível ler esse livro um só dia… mas eu acho que não. Talvez - inclusive, essa é a palavra que determina a atmosfera do livro. De fato, a história é envolvente e, de acordo com Blanchot, uma das poucas histórias genuinamente inventivas. Esse pequeno - mas bem potente - romance narra a história de um foragido venezuelano - não sabemos o crime cometido, sabemos apenas o castigo - fora condenado à prisão perpétua. E o que fazer diante de tal destino? Fugir. Quem não? Talvez. Um mercador italiano lhe informa que há uma ilha inacessível que pode lhe servir de abrigo e refúgio.Por que não? Quem nunca sonhou em ser Robinson Crusoé? Ainda mais em uma circunstância dessa… Sonhar com o novo.
“Nem piratas chineses, nem barco pintado de branco da Fundação Rockfeller aportam nela. É foco de uma doença, ainda mais misteriosa, que mata de fora para dentro. Caem as unhas, o cabelo; morrem a pele e as córneas dos olhos, e o corpo sobrevive oito, quinze dias.”
Quem pensaria em ir para um lugar assim?
E de repente, a ilha que estava deserta revela-se habitada por um grupo alegre de pessoas que ignora sua presença. O foragido, vê-se perdidamente apaixonado por um deles, a misteriosa Faustine. E o leitor adentra no espaço literário e acompanha nosso foragido numa busca desesperada para chamar a atenção da mulher amada - da maneira mais ingênua e poética que eu já li - ele planta um canteiro de flores, onde ela costuma ler um livro no fim da tarde, por exemplo.
Dizem que é metafísico, dizem que as imagens são frutos do delírio do narrador, dizem que é uma crítica à tecnologia, dizem que é fantástico, dizem que é uma proposta para o homem pensar o seu lugar no mundo.Dizem muita coisa sobre esse livro. Eu digo que é poético, sublime até, pois quando concluímos a leitura - apesar de ser um pouco trágico, fica aquela sensação de termos atingido uma compreensão superior da vida e dos eventos.
Aliás, Fantástico ou não, tudo o que esse moço escreve é assim - de tocar o coração e de colocar o espírito para refletir.
Sempre que você se deparar com esse nome Adolfo Bioy Casares, vale a pena abrir o livro e ouvir o que ele tem para te dizer.
PS: Eu não diria que é um livro para ser ler em um dia, eu diria que você deveria revisitá-lo uma vez a cada cinco para ver se não descobre algo novo, aquilo que só a segunda leitura revela.
Boa leitura, sempre!
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